Considera-se hiperêmese gravídica( HG) quando as náuseas e vômitos são persistentes, frequentes e às vezes intensos, não cedem facilmente aos tratamentos simples e progridem até causar distúrbios nutricionais e metabólicos como uma perda de peso acima de 4% do peso anterior, desidratação e cetonúria.
Delimita-se o tempo do aparecimento das náuseas e vômitos: estes devem iniciar nas primeiras semanas da gravidez.
Outras doenças que causam náuseas e vômitos, como a infecção urinária e a apendicite, precisam ser descartadas.
A HG tem uma incidência variável e que depende sobremaneira das condições sócio-econômicas do local. Podemos ter 1 caso em cada 500 grávidas.
É muito discutida a causa da HG. Provavelmente, é mais correto entendê-la como o resultado de diversos fatores agindo em conjunto. Há muitas teorias que tentam explicar sua causa( ou causas), eis algumas:
Os vômitos contínuos provocam desidratação, depleção de eletrólitos( H+, Na+, Cl-, K+),
perda de vitaminas e ingesta calórica negativa. Há: perda de peso; fraqueza;
boca seca, língua saburrosa e hálito cetônico( cheiro de frutas);
diminuição do volume urinário e aumento do ácido úrico na urina;
aumento da frequencia cardíaca e queda da pressão arterial;
corpos cetônicos( ácido acetoacético, ácido betahidroxibutírico) são detectados
na urina: eles são oriundos da oxidação das gorduras, que são mobilizadas como
fonte alternativa de energia já que há ingesta calórica negativa( eles também causam
o hálito cetônico).
Enquanto a mulher não tem vômitos muito severos, frequentes e que não respondem
a doses pequenas e ocasionais de anti-eméticos, ela se alimenta, tem a língua limpa
e úmida, não tem uma significativa perda de peso e não se detecta cetose,
não há grandes motivos de preocupação. Ao contrário, se há algum destes fatores e
a gestante não se alimenta, a internação é mandatória. Observe que a perda de peso
geralmente precede os sinais objetivos de desidratação.
O tratamento da gestante internada requer repouso absoluto em ambiente tranquilo e
dieta zero( nas primeiras 24 a 48 horas ou enquanto persistirem os vômitos).
Hidratação abundante, mas cuidadosa, por via venosa. Glicose, vitaminas, ferro, ácido fólico são ministrados por via parenteral, assim como uma sedação leve e anti-eméticos.
Frequentemente, a recuperação com ganho de peso se dá em 5 a 10 dias de internação,
quando ocorre a alta hospitalar.
Em geral, o prognóstico é bom para mãe e feto e não há consequências negativas para o bom evolver da gravidez. Mas, após o episódio de HG, é preciso vigiar a gestante mais de perto visto que a pré-eclâmpsia pode acontecer. Embora haja relatos de recém-nascido de baixo peso, prematuridade, baixo quociente de inteligência do bebê, morte fetal ou materna, eles são próprios de casos muito graves e/ou que não tiveram a devida atenção.
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